quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O MELHOR DIAGNÓSTICO DO DESASTRE AMBIENTAL

Pessoal: aqui está o vídeo para quem quiser ver o discurso de Severn Suzuki. Ela é uma garota que falou numa conferência da ONU para o Meio-Ambiente, em 1992, no Rio de Janeiro (ECO-92), jogando na cara do mundo a hipocrisia dos adultos, que alegam "estar fazendo o melhor que podem", quando na verdade estão trocando o futuro da vida - humana e não-humana - no planeta por um punhado a mais de dólares...

Ou para quem quiser conferir no youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=5g8cmWZOX8Q

A FÁBULA DO CUIDADO, PELO FILÓSOFO HEIDEGGER

"Certa vez, ao atravessar um rio, Cuidado viu um pedaço de barro. Logo teve uma idéia inspirada: tomou um pouco do barro e começou a lhe dar forma. Enquanto contemplava o que criara, apareceu Júpiter. Cuidado pediu-lhe que desse espírito à forma de argila, o que Júpiter fez de bom grado. Quando, porém, Cuidado quis dar um nome à criatura que havia moldado, Júpiter o proibiu e exigiu que fosse dado o seu nome. Enquanto Júpiter e Cuidado discutiam sobre o nome, surgiu também a Terra. Ela também quis dar seu nome à criatura, pois havia fornecido um pedaço de barro, material do corpo da Terra. Originou-se então uma discussão generalizada. De comum acordo pediram a Saturno que fosse o árbitro da discussão. Saturno pronunciou a seguinte decisão que pareceu justa: “Você, Júpiter, deu-lhe o espírito; então, receberá de volta o espírito no momento da morte dessa criatura. Você, Terra, deu-lhe o corpo; receberá, portanto, também de volta o seu corpo quando essa criatura morrer. Mas como você, Cuidado, foi quem primeiro formou a criatura, ela ficar aos seus cuidados enquanto ela viver. E uma vez que entre vocês há muita discussão acerca do nome dessa criatura, decido eu: ela será chamada Homem (‘Homo’), isto é, feita de húmus, que significa terra fértil.”

Com essa fábula mito, Heidegger interpreta o cuidado como um modo de ser do Homem. Ele mostra o cuidado como condição humana, condição para compreendermos o ser humano. Podemos considerar o cuidado como atitude para inspirar um novo acordo entre as pessoas e uma nova relação com a natureza?

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

ATIVIDADE PARA OS ALUNOS QUE DESEJAM RECUPERAR NOTAS, REFERENTE AO 3º BIMESTRE

Faça uma pequena dissertação sobre o tema abaixo (de no máximo 2 páginas), procurando seguir os assuntos sugeridos. Você pode usar as anotações feitas em sala de aula, livros de filosofia e a internet (veja os sites indicados na seção de “sites relacionados”, que está no canto inferior direito da página desse blog) para ser você mesmo o filósofo.

Disserte sobre o que é a arte como modo de conhecimento (procure falar sobre a definição de arte como interpretação do mundo, da arte como representação simbólica, do trabalho intuitivo do artista e de como ela guarda conhecimentos para o seu público).

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

AS TRÊS GRANDES FORMAS DE PENSAMENTO

“Pedimos somente um pouco de ordem para nos prote­ger do caos. Nada é mais doloroso, mais angustiante do que um pensamento que escapa a si mesmo, idéias que fogem, que desaparecem apenas esboçadas, já corroídas pelo esque­cimento ou precipitadas em outras, que também não domi­namos. (...) Perdemos sem cessar nossas idéias. É por isso que queremos tanto nos agar­rar a opiniões prontas.

Nossas opiniões são feitas de tudo isso. Mas a arte, a ciência, a filosofia exigem mais...

O que define o pensamento, as três grandes formas do pensamento, a arte, a ciência e a filosofia, é sempre enfren­tar o caos, traçar um plano, esboçar um plano sobre o caos. (...) A filosofia quer salvar o infinito fazendo surgir conceitos. A ciência, ao contrário, renuncia ao infinito para definir estados de coisas com suas funções. A arte quer recriar o infinito através de compostos de sensações.

Pensar é pensar por conceitos, ou então por funções, ou ainda por sensações, e um desses pensamentos não é melhor que o outro.”

(trecho do livro O que é a Filosofia?, de Gilles Deleuze, pp. 253-261)

quinta-feira, 21 de junho de 2007

"Onde está o conhecimento, que perdemos com a informação?" (poema "A Pedra", de T.S. Eliot)

"A televisão me deixou burro, muito burro demais. Agora todas coisas que eu penso me parecem iguais"(música "Televisão", de Titãs)

"Ditadura da televisão, ditando as regras, contaminando a nação!" (música "Ditadura da Televisão", do Ponto de Equilíbrio). (Guilherme, 2A, obrigada pela letra!)

quinta-feira, 14 de junho de 2007

CULTURA DE MASSA

ARTE DE ELITE, ARTE POPULAR, ARTE DE MASSA

Em nossos dias, as artes costumam ser distinguidas em:

– arte erudita ou de elite, que oferece uma interpretação do significado da existência humana de forma complexa, com linguagens complexas, que se dirigem a um público restrito;

– arte popular ou folclórica, que são as tradições coletivas nacionais populares que pertencem à classe trabalhadora. Elas traduzem a visão de mundo e os sentimentos coletivos do grupo no qual tem origem e para o qual se destina, conferindo uma forma de identidade cultural aos grupos e é uma força de conservação da cultura tradicional;

– arte de massa ou cultura de massa, financiada por empresas que fazem tanto as reproduções simplificadas das obras da arte erudita como também compram para produção em escala industrial as obras de artistas individuais e as destinam ao mercado de consumo em larga escala.

"Assim, por exemplo, o bumba-meu-boi ou o frevo são folclore; o samba de morro e o rap (quando não são apropriados pelas empresas de cultura de massa) são populares; um quadro de Van Gogh ou de Tarsila do Amaral são eruditas; a música sertaneja (que imita a música country norte-americana), a música discoteca, a música dos DJs, a maioria dos filmes, as novelas de televisão, etc. são de massa."

CULTURA DE MASSA

O trecho a seguir foi retirado do livro Temas de Filosofia, de Maria L. Aranha e Maria H. Martins, ed. Moderna, pág. 224.

“A cultura de massa, às vezes chamada arte de massa, é constituída por aqueles produtos da indústria cultural que se destinam à sociedade de consumo e que visam responder ao "gosto médio” da população de um país ou, em termos de multinacionais da produção, do mundo.

A cultura de massa caracteriza-se por ser produzida por um grupo de profissionais que pertence a uma classe social diferente do público a que se destina; ser dirigida pela demanda, passando, portanto, por modismos; ser feita para um público semiculto e passivo; o “povo”, nesse caso, é só o alvo da produção, não sua origem; ela pode também visar o divertimento como meio de passar o tempo.

A cultura de massa pressupõe a existência da indústria cultural, de um lado, produzindo artigos em série para serem consumidos pelo público; e, de outro, a "massa", um número indeterminado de pessoas (quanto mais, melhor) despidas de suas características individuais - de classe, etnia, região, e até mesmo de país - que são tratadas como um todo razoavelmente homogêneo, para o qual a produção é direcionada.

Por essa razão, essa produção visa atender ao chamado "gosto médio" tendo, também, de deixar de lado as características específicas de classe, de região, de gosto, para assumir uma certa homogeneidade que não causará "indigestão" a ninguém. Dentro da cultura de massa, encontramos dois tipos de produtos: o que é criado pela indústria, dentro de seus modelos, e o que é adaptado a partir de uma obra já existente. Nesse último caso, a fórmula utilizada é a da "pasteurização", que tira o que uma obra de arte tem de expressivo, de diferente, de novo, de específico, para oferecer uma versão pálida e inócua, um arremedo de arte, que parece, mas não é.

Um exemplo concreto é a música sertaneja, cuja matriz é a música caipira, de viola (arte folclórica, portanto). Quais as transformações necessárias para que a música caipira se transforme em sertaneja? Os instrumentos são mudados, tornando o som muito mais "rico"; os cantores perdem o sotaque do "caipira"; o ritmo passa a englobar a canção rancheira, o balanço, o chamamé e contribuições latino-americanas, como a guarânia; os temas afastam-se das preocupações da população rural e passam a falar da vida na cidade, das alegrias e dificuldades dos caminhoneiros e de amores malresolvidos ("Entre tapas e beijos" e "Não aprendi dizer adeus", por exemplo); as "duplas sertanejas" ostentam signos de caubóis americanos (botas, chapéus, cintos, roupas de couro com franjas, camisas xadrez) numa clara referência aos filmes de "mocinho e bandido" e à cultura dominante (caipira americano deve ser muito melhor que o brasileiro, não é?; pelo menos, fala inglês.. .); com isso, fazem enorme sucesso e ganham muito dinheiro para si e para suas gravadoras. Esse é um produto típico da indústria cultural.”

INDÚSTRIA CULTURAL

Os trechos a seguir foram retirados do livro Convite à Filosofia, de M. Chauí, ed. Ática, pág. 290

"Atualmente as artes estão submetidas as regras do mercado capitalista e a indústria cultural. O termo 'indústria cultural' foi criado por Theodor Adorno e Max Horkheimer numa obra intitulada Dialética do esclarecimento, para indicar uma cultura baseada na idéia e na prática do consumo de 'produtos culturais' fabricados em série. A expressão indústria cultural significa que as obras de arte são mercadorias, como tudo o que existe no capitalismo.”

“A arte massificou-se para consumo rápido no mercado da moda e nos meios de comunicação de massa, transformando-se em coisa leve, entretenimento e diversão para as horas de lazer. Como escrevem Adorno e Horkheimer, hoje, a obra de arte não ultrapassa o mundo dado, é "arte sem sonho” e por isso mesmo é sono, ou seja, adormece a criatividade, a consciência, a sensibilidade, a imaginação, o pensamento e a crítica tanto do artista como do público.

Sob o poderio de empresas capitalistas, as obras de arte verdadeiramente criadoras, críticas e radicais foram esvaziadas para se tornarem entretenimento; e outras obras passaram a ser produzidas para celebrar o existente, em lugar de compreendê-lo, criticá-lo e propor um outro futuro para a humanidade.”

MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA

“A expressão comunicação de massa foi criada para referir-se aos objetos tecnológicos capazes de transmitir a mesma informação para um público muito amplo, isto é, para a massa. Inicialmente, referia-se ao rádio e ao cinema, pois a imprensa pressupunha pessoas alfabetizadas, o que não era requerido pelo rádio nem pelo cinema em seus começos. Pouco a pouco estendeu-se para a imprensa, a publicidade ou propaganda, a fotografia, o telefone, a televisão etc. Esses objetos tecnológicos são os meios por intermédio dos quais a informação é transmitida ou comunicada.

Em latim, meio se diz médium e, no plural, meios se diz media. Os primeiros teóricos dos meios de comunicação empregaram a palavra latina media. Como eram teóricos de língua inglesa, diziam mass media, isto é, "os meios de massa". A pronúncia, em inglês, do latim media é "mídia". Quando os teóricos de língua inglesa dizem "the media", estão dizendo "os meios". Por apropriação da terminologia desses teóricos no Brasil, a palavra mídia passou a ser empregada como se fosse uma palavra feminina no singular - "a mídia".

O que os meios (ou "a mídia") veiculam? O que transmitem? Sob a forma de romances, novelas, contos, notícias, músicas, debates, danças, jogos, eles transmitem informações. Entusiasmado com os meios de comunicação como veículos de informação, Marshall McLuhan (um estudioso dos meios de comunicação) escreveu: ‘Esta é a época de transição da era comercial, quando a produção e distribuição de utilidades absorvia o engenho dos homens. Passamos hoje da produção de mercadorias empacotadas para o empacotamento da informação. Anteriormente, nós invadíamos ["nós", aqui, são os Estados Unidos, evidentemente] os mercados estrangeiros com utilidades. Hoje, invadimos culturas inteiras com irifàrmação enlatada, diversão e idéias.’

Ora, é exatamente essa invasão cultural com pacotes de informações, idéias e diversões que não deve causar entusiasmo e sim reflexão, ponderação e crítica, pois é preciso perguntar: quem as produz? Quem as empacota? Quem as distribui? Para quem são distribuídas? Com que finalidade?”

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Informação X Conhecimento

Diante de uma mídia provedora de "fatos" e do acesso a mecanismos de pesquisa na internet, nós precisamos nos perguntar se há diferença entre acúmulo de dados e conhecimento. O educador Cipriano Luckesi tenta aproxima-se desse questionamento quando procura respondê-lo afirmando que o conhecimento é a explicação/elucidação da realidade e decorre de um esforço de investigação para descobrir aquilo que está oculto, que não está compreendido ainda. Só depois de compreendido em seu modo de ser é que um objeto pode ser considerado conhecido. Adquirir conhecimentos não é compreender a realidade retendo informações, mas utilizando-se destas para desvendar o novo e avançar, porque quanto mais competente for o entendimento do mundo, mais satisfatória será a ação do sujeito que a detém. Milhões de informações não representam nenhum conhecimento. Ainda hoje vale a definição de ciência do filósofo Aristóteles, formulada na sua obra chamada Organon: a ciência é como conhecimento certo pelas causas. Ele quer dizer com isso que para saber algo em profundidade é preciso relacionar conceitos, saber as causas, o porquê das coisas. Este é um dos grandes dilemas do novo século, impulsionado pelo rápido e fácil acesso a fontes de informação. Podemos obter instantaneamente milhões de informações, mas corremos o perigo de tornar-nos incapazes de processá-las de um modo orgânico, integrado, coerente, através da relação causa-efeito que caracteriza o conhecimento científico.