quarta-feira, 13 de junho de 2007
Informação X Conhecimento
Diante de uma mídia provedora de "fatos" e do acesso a mecanismos de pesquisa na internet, nós precisamos nos perguntar se há diferença entre acúmulo de dados e conhecimento.
O educador Cipriano Luckesi tenta aproxima-se desse questionamento quando procura respondê-lo afirmando que o conhecimento é a explicação/elucidação da realidade e decorre de um esforço de investigação para descobrir aquilo que está oculto, que não está compreendido ainda. Só depois de compreendido em seu modo de ser é que um objeto pode ser considerado conhecido. Adquirir conhecimentos não é compreender a realidade retendo informações, mas utilizando-se destas para desvendar o novo e avançar, porque quanto mais competente for o entendimento do mundo, mais satisfatória será a ação do sujeito que a detém.
Milhões de informações não representam nenhum conhecimento. Ainda hoje vale a definição de ciência do filósofo Aristóteles, formulada na sua obra chamada Organon: a ciência é como conhecimento certo pelas causas. Ele quer dizer com isso que para saber algo em profundidade é preciso relacionar conceitos, saber as causas, o porquê das coisas.
Este é um dos grandes dilemas do novo século, impulsionado pelo rápido e fácil acesso a fontes de informação. Podemos obter instantaneamente milhões de informações, mas corremos o perigo de tornar-nos incapazes de processá-las de um modo orgânico, integrado, coerente, através da relação causa-efeito que caracteriza o conhecimento científico.
O mercado de trabalho exige conhecimentos e competências, mais do que informações
O jornal JC OnLine publicou um artigo que enfoca o quanto o conhecimento é mais importante do que a informação para um profissional se tornar competitivo no mercado de trabalho. O artigo, de Eliene Rodrigues, chama-se “Informação não é conhecimento” (http://jc.uol.com.br/2005/06/28/not_92008.php) e dele apresento um trecho aqui.
“A sobrevivência e a permanência dos profissionais no mercado de trabalho exigem competência e conhecimento para lidar com transformações crescentes e aceleradas. Porém, um dos riscos é acreditar que basta dominar informação, sistemas de informações, investir em recursos tecnológicos e em marketing.”
“É preciso distinguir informação e conhecimento. Informação resulta de operações lógicas que orientam a coleta, tratamento e divulgação de dados organizados de maneira potencialmente significativa.” Dizemos "potencialmente" porque dependendo do modo como é trabalhada, “a informação pode ser matéria-prima do conhecimento. Mas há um problema nessa história: como ela pode ser reproduzida em massa, pode ser utilizada como bem comum ou como uma mercadoria, no sentido pejorativo dessa palavra.”
“Diferentemente, o conhecimento resulta de um conjunto de argumentos e explicações que interligam e conferem significado às informações. Ele depende da capacidade de elaboração, de reflexões críticas e das interpretações particulares das pessoas.”
“Portanto, o desafio para quem deseja ter uma vantagem competitiva no mercado de trabalho exige um compromisso com a educação e com a construção de referências que confiram valor ao estudo e à solidez da formação.”
Infelizmente, o que ocorre com mais freqüência na vida estudantil das pessoas é “a instalação da prática da colagem de informações, em forma de retalhos”, retiradas de veículos de comunicação, principalmente da internet. Aliás, no que diz respeito à internet, outra situação comum é a compra por encomenda de trabalhos, monografias e teses.
Conhecimento e competência são hoje características estratégicas para qualquer profissional no mercado. Todavia, é impossível assegurá-los por meio do simples acesso à informação e à tecnologia!
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Para aqueles que me pediram, aí está o poema que fechou nossas aulas sobre Platão:
"O teu seio que em minha mão / Tive uma vez, que vez aquela! / Sinto-o ainda, e ele é dentro dela / O seio-idéia de Platão"
(Manuel Bandeira)
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