quinta-feira, 14 de junho de 2007

CULTURA DE MASSA

ARTE DE ELITE, ARTE POPULAR, ARTE DE MASSA

Em nossos dias, as artes costumam ser distinguidas em:

– arte erudita ou de elite, que oferece uma interpretação do significado da existência humana de forma complexa, com linguagens complexas, que se dirigem a um público restrito;

– arte popular ou folclórica, que são as tradições coletivas nacionais populares que pertencem à classe trabalhadora. Elas traduzem a visão de mundo e os sentimentos coletivos do grupo no qual tem origem e para o qual se destina, conferindo uma forma de identidade cultural aos grupos e é uma força de conservação da cultura tradicional;

– arte de massa ou cultura de massa, financiada por empresas que fazem tanto as reproduções simplificadas das obras da arte erudita como também compram para produção em escala industrial as obras de artistas individuais e as destinam ao mercado de consumo em larga escala.

"Assim, por exemplo, o bumba-meu-boi ou o frevo são folclore; o samba de morro e o rap (quando não são apropriados pelas empresas de cultura de massa) são populares; um quadro de Van Gogh ou de Tarsila do Amaral são eruditas; a música sertaneja (que imita a música country norte-americana), a música discoteca, a música dos DJs, a maioria dos filmes, as novelas de televisão, etc. são de massa."

CULTURA DE MASSA

O trecho a seguir foi retirado do livro Temas de Filosofia, de Maria L. Aranha e Maria H. Martins, ed. Moderna, pág. 224.

“A cultura de massa, às vezes chamada arte de massa, é constituída por aqueles produtos da indústria cultural que se destinam à sociedade de consumo e que visam responder ao "gosto médio” da população de um país ou, em termos de multinacionais da produção, do mundo.

A cultura de massa caracteriza-se por ser produzida por um grupo de profissionais que pertence a uma classe social diferente do público a que se destina; ser dirigida pela demanda, passando, portanto, por modismos; ser feita para um público semiculto e passivo; o “povo”, nesse caso, é só o alvo da produção, não sua origem; ela pode também visar o divertimento como meio de passar o tempo.

A cultura de massa pressupõe a existência da indústria cultural, de um lado, produzindo artigos em série para serem consumidos pelo público; e, de outro, a "massa", um número indeterminado de pessoas (quanto mais, melhor) despidas de suas características individuais - de classe, etnia, região, e até mesmo de país - que são tratadas como um todo razoavelmente homogêneo, para o qual a produção é direcionada.

Por essa razão, essa produção visa atender ao chamado "gosto médio" tendo, também, de deixar de lado as características específicas de classe, de região, de gosto, para assumir uma certa homogeneidade que não causará "indigestão" a ninguém. Dentro da cultura de massa, encontramos dois tipos de produtos: o que é criado pela indústria, dentro de seus modelos, e o que é adaptado a partir de uma obra já existente. Nesse último caso, a fórmula utilizada é a da "pasteurização", que tira o que uma obra de arte tem de expressivo, de diferente, de novo, de específico, para oferecer uma versão pálida e inócua, um arremedo de arte, que parece, mas não é.

Um exemplo concreto é a música sertaneja, cuja matriz é a música caipira, de viola (arte folclórica, portanto). Quais as transformações necessárias para que a música caipira se transforme em sertaneja? Os instrumentos são mudados, tornando o som muito mais "rico"; os cantores perdem o sotaque do "caipira"; o ritmo passa a englobar a canção rancheira, o balanço, o chamamé e contribuições latino-americanas, como a guarânia; os temas afastam-se das preocupações da população rural e passam a falar da vida na cidade, das alegrias e dificuldades dos caminhoneiros e de amores malresolvidos ("Entre tapas e beijos" e "Não aprendi dizer adeus", por exemplo); as "duplas sertanejas" ostentam signos de caubóis americanos (botas, chapéus, cintos, roupas de couro com franjas, camisas xadrez) numa clara referência aos filmes de "mocinho e bandido" e à cultura dominante (caipira americano deve ser muito melhor que o brasileiro, não é?; pelo menos, fala inglês.. .); com isso, fazem enorme sucesso e ganham muito dinheiro para si e para suas gravadoras. Esse é um produto típico da indústria cultural.”

INDÚSTRIA CULTURAL

Os trechos a seguir foram retirados do livro Convite à Filosofia, de M. Chauí, ed. Ática, pág. 290

"Atualmente as artes estão submetidas as regras do mercado capitalista e a indústria cultural. O termo 'indústria cultural' foi criado por Theodor Adorno e Max Horkheimer numa obra intitulada Dialética do esclarecimento, para indicar uma cultura baseada na idéia e na prática do consumo de 'produtos culturais' fabricados em série. A expressão indústria cultural significa que as obras de arte são mercadorias, como tudo o que existe no capitalismo.”

“A arte massificou-se para consumo rápido no mercado da moda e nos meios de comunicação de massa, transformando-se em coisa leve, entretenimento e diversão para as horas de lazer. Como escrevem Adorno e Horkheimer, hoje, a obra de arte não ultrapassa o mundo dado, é "arte sem sonho” e por isso mesmo é sono, ou seja, adormece a criatividade, a consciência, a sensibilidade, a imaginação, o pensamento e a crítica tanto do artista como do público.

Sob o poderio de empresas capitalistas, as obras de arte verdadeiramente criadoras, críticas e radicais foram esvaziadas para se tornarem entretenimento; e outras obras passaram a ser produzidas para celebrar o existente, em lugar de compreendê-lo, criticá-lo e propor um outro futuro para a humanidade.”

MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA

“A expressão comunicação de massa foi criada para referir-se aos objetos tecnológicos capazes de transmitir a mesma informação para um público muito amplo, isto é, para a massa. Inicialmente, referia-se ao rádio e ao cinema, pois a imprensa pressupunha pessoas alfabetizadas, o que não era requerido pelo rádio nem pelo cinema em seus começos. Pouco a pouco estendeu-se para a imprensa, a publicidade ou propaganda, a fotografia, o telefone, a televisão etc. Esses objetos tecnológicos são os meios por intermédio dos quais a informação é transmitida ou comunicada.

Em latim, meio se diz médium e, no plural, meios se diz media. Os primeiros teóricos dos meios de comunicação empregaram a palavra latina media. Como eram teóricos de língua inglesa, diziam mass media, isto é, "os meios de massa". A pronúncia, em inglês, do latim media é "mídia". Quando os teóricos de língua inglesa dizem "the media", estão dizendo "os meios". Por apropriação da terminologia desses teóricos no Brasil, a palavra mídia passou a ser empregada como se fosse uma palavra feminina no singular - "a mídia".

O que os meios (ou "a mídia") veiculam? O que transmitem? Sob a forma de romances, novelas, contos, notícias, músicas, debates, danças, jogos, eles transmitem informações. Entusiasmado com os meios de comunicação como veículos de informação, Marshall McLuhan (um estudioso dos meios de comunicação) escreveu: ‘Esta é a época de transição da era comercial, quando a produção e distribuição de utilidades absorvia o engenho dos homens. Passamos hoje da produção de mercadorias empacotadas para o empacotamento da informação. Anteriormente, nós invadíamos ["nós", aqui, são os Estados Unidos, evidentemente] os mercados estrangeiros com utilidades. Hoje, invadimos culturas inteiras com irifàrmação enlatada, diversão e idéias.’

Ora, é exatamente essa invasão cultural com pacotes de informações, idéias e diversões que não deve causar entusiasmo e sim reflexão, ponderação e crítica, pois é preciso perguntar: quem as produz? Quem as empacota? Quem as distribui? Para quem são distribuídas? Com que finalidade?”